Hoje vou tocar em um assunto delicado... sobre "aquela que não se diz o nome". Geralmente é considerada maldita, uma verdadeira desgraça ou catástrofe quando se apresenta.
Cheguei ao segundo parágrafo e ainda não revelei o seu nome. Mas não tem jeito... uma hora isso tem que acontecer. Pois bem, lá vai... o nome dela é... Morte!
Se bobear, agora você nem deseja terminar esta leitura um tanto mórbida. Afinal, este assunto gera mesmo sensações indesejadas e, consequentemente, repulsa a uma realidade comumente evitada até o último suspiro.
A morte causa minimamente estranheza porque é a única certeza do que vai acontecer na vida, mas não se faz ideia do que vem depois dela. Quer dizer, ideia até faz, um monte delas, e isso é de matar! Mas você bem sabe disso e o que viu até aqui não é nenhuma novidade, não é mesmo?
Proponho então discutir sobre como encarar essa dura realidade. Como lidar com a dor que ela faz sentir só de pensar?
Sabemos que a morte usualmente é associada à perda. Essa relação possivelmente provém da forma como a cultura ocidental em que estamos inseridos dá valor a ela. Cultura ocidental aqui se refere ao culto demasiado ao materialismo, ao imediatismo, à famosa necessidade de ter a custo do existir. Algo como "tenho, logo existo".
Seguindo essa linha de raciocínio, a morte passa então a ser "tomada para Cristo", uma ousada bruxa má que leva embora o que supostamente deveria ser nosso.
Seguindo essa linha de raciocínio, a morte passa então a ser "tomada para Cristo", uma ousada bruxa má que leva embora o que supostamente deveria ser nosso.
Aí é que costuma atuar o sofrimento... Ao invés de buscar aceitá-la, aponta-se com o indicador rígido o suposto culpado pelo terrível desastre. Caso nenhum elemento seja identificado, o inquisidor se torna a vítima da própria acusação. E aí o sofrimento vira palco para a mágoa, o ressentimento, a tristeza sem fim, o desânimo constante, numa inércia arrastada.
Talvez ler isso gere raiva em algum leitor. Este possivelmente se pergunta como é possível não sofrer diante da partida de algo ou alguém.
Aproveito para ressaltar que cada um é livre para sentir o que sente... Só você, que está sob a sua pele, pode decidir de que forma lidar com a morte e o morrer. Nem sempre essa escolha é consciente. No entanto, o sofrimento não é o único caminho.
É bem verdade que aceitar não é nada fácil... Ah, não é... Por isso é um processo cujo ritmo é individual e intransferível. Nele sentimos mais a dor pela falta do que pelo sentimento de impotência. Quero dizer, embora exista a consciência e a aceitação de que não somos mesmo "super poderosos" e "donos do universo", ainda assim não temos mais aquele algo ou alguém valioso ao nosso lado da maneira como gostaríamos. Olhar para o lado e ver o vazio dói... para valer. Horas mais, horas menos... mas dói.
O jeito é seguir caminhando pacientemente a serviço do sábio tempo, que reorganiza a vida de modo a promover o movimento necessário. Um passo de cada vez, chorando quando dá vontade, e sorrindo também quando dá vontade. Despedindo-se a cada lembrança que a mente evoca daquilo ou daquele que se foi... agradecendo pelo que foi bom e também pelo que não foi.
E compreendendo genuinamente que o que os olhos não veem o coração sente também.
E compreendendo genuinamente que o que os olhos não veem o coração sente também.
A percepção de que da mesma forma como há noites escuras também há dias ensolarados traz o conforto e a confiança para arriscar viver com a certeza de que se há morte... Há vida também!
Quanto mais exercitamos a ampliação da nossa consciência nesse sentido, mais fácil fica lidar com a dor como ela merece, sem mais nem menos... Há maneiras de praticar esse exercício no cotidiano. Mas isso fica para um outro dia... ou não!
Gisele Faria
Psicoterapeuta (CRP 05/37984)
Terapeuta complementar
Atendimento com hora marcada:
(21) 8872-7799
Estrada de Jacarepaguá 7221 Sala 508 Freguesia RJ
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