Há pouco tempo, assisti ao filme americano As invenções de Hugo Cabret, e o que me fisgou no longa-metragem não foram seus efeitos visuais ou fotografia, motivos que o premiaram com Oscar no ano passado, embora sejam realmente dignos de premiação. Mas o que me conectou mesmo a ele foi a forma como o menino Hugo Cabret discorre de forma muito simples sobre algo difícil de ser assimilado, de forma geral.
Ele aborda uma questão que é constantemente debatida no espaço terapêutico: o propósito de vida.
Comparando o mundo a uma grande engrenagem, Hugo Cabret explica para uma amiga que cada ser é uma peça com uma função ou propósito. Ou seja, há um motivo para que exista. E, caso essa função não seja exercida ou não ocorra adequadamente, a "grande engrenagem" ou "grande máquina" sofre os efeitos e compromete seu funcionamento como um todo.
São inúmeros os motivos pelos quais se justificam os desvios que fazem uma "peça" se tornar desfuncional. No filme, a decepção, a tristeza, a dificuldade em lidar com as contrariedades da vida, contribuíram fortemente para que uma dessas "peças", no caso, um cineasta frustrado, deixasse de servir à "grande engrenagem" ao fazer calar sua criatividade e alegria de viver, trabalhando mecanicamente em uma loja de brinquedos.
Todos os dias Hugo roubava ferramentas, assim como o fazia com os alimentos, para dar continuidade ao conserto de um brinquedo que seu pai não conseguiu concluir antes de morrer.
A vida dele se resumia a cuidar do relógio da estação ferroviária onde morava e roubar as tais ferramentas e os suprimentos. Apesar
de se tratar de uma rotina diária, diferente do caso do cineasta mencionado, as
ações de Hugo não eram mecânicas. Ele não sabia por que era tão
importante consertar o brinquedo; ele só sabia que era importante para ele.
Nesse contínuo movimento aparentemente sem sentido, Hugo conheceu uma menina, de quem se tornou amigo. E foi essa amizade que o conduziu a outras "peças", até chegar à "peça-chave" que o permitiu compreender o motivo daquela missão em sua vida.
E assim acontece conosco, no nosso dia-a-dia... Num somatório de pequenas e grandes missões cotidianas que em algum momento se interligam, e compreendemos o propósito do caminho percorrido até ali.
Pode até ser difícil racionalizar qual seja o seu propósito. Porém, não o é senti-lo. Isso porque não é algo que se possa prever e calcular ou até mesmo explicar, mas sim que dá um senso de direção, guiando cada passo de acordo com o movimento da vida. Até que, ao olhar para a trajetória percorrida, percebe-se o sentido que há nela.
Essa ideia permite nos fazer pensar que tudo que existe tem uma finalidade, independente dos efeitos que provoca. E, especialmente, traz à reflexão a responsabilidade de cada um para com a própria vida e, consequentemente, com a vida de todas as outras "peças" da "grande engrenagem".
Gisele Faria
Psicoterapeuta (CRP 05/37984)
Terapeuta complementar
Atendimento com hora marcada:
(21) 8872-7799
Estrada de Jacarepaguá 7221 Sala 508 Freguesia RJ
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