segunda-feira, 19 de maio de 2014

Pela leitura de Balzac

"Assim, nada é tão discreto quanto um rosto jovem, porque nada é tão imóvel. O rosto de uma mulher jovem tem a calma, o polimento, o frescor da superfície de um lago. A fisionomia das mulheres só começa aos trinta anos". 
 Honoré Balzac



Muitos de nós já ouvimos a expressão "mulher balzaquiana" para se referir à mulher madura. Não é à toa que ela permanece até os dias atuais, a obra de Balzac revela o coração de uma mulher madura, repleto de emoções assim como na mais tenra idade.

Durante a leitura de A mulher de trinta anos, veio-me uma comparação do processo de amadurecimento da mulher com as fases lunares: a nova, mais vívida, com todo o anseio pelas possibilidades vindouras, sedenta por vivenciar suas fantasias de donzela; a crescente, a partir da qual inicia-se um processo de desconstrução e reconstrução entre a fantasia e o real, entre a expectativa e o possível; a cheia, representada pela sabedoria de toda uma trajetória percorrida impossível de regressar e que a permite reconhecer dentro de si as ferramentas para seguir em frente de maneira protegida e cuidadosa, ciente de que para toda escolha há uma consequência. Por fim, a minguante, onde é impossível esconder as marcas da vida no próprio corpo e a essência vital se revela sua guia:

"... O lago seco deixa ver então os traços de todas as torrentes que o produziram; e o rosto envelhecido de mulher não pertence mais nem à sociedade, que, frívola, assusta-se ao perceber nele a destruição de todas as ideias de elegância a que está habituada, nem aos artistas vulgares, que nele nada descobrem, mas sim aos verdadeiros poetas, àqueles que têm o sentimento de um belo independente de todas as convenções sobre as quais repousam tantos preconceitos em matéria de arte e de beleza". (A mulher de trinta anos - Honoré Balzac)

A mulher madura hoje talvez não corresponda em números à daquele tempo, não tão remoto. Contudo, o ciclo pelo qual a maturidade se processa não se modifica e por isso é atemporal. Independente de idade, todas nós, mulheres, passamos por fases de transformação. Vale dizer que, claro, os homens também passam por um processo de amadurecimento. No entanto, a ênfase nos ciclos entre o novo e o velho, o nascimento e a morte, é mais evidente no universo feminino, pois o vivenciamos mês a mês através do ciclo menstrual, geramos vida e deixamos de reproduzir quando nos tornamos naturalmente minguantes. Isso não significa que a mulher deixe de semear quando se torna anciã; ao contrário, ela distribui sua sabedoria.

Portanto, seja você homem ou mulher, identifique em que fase de transformação se encontra, respeite-a, viva-a de modo consciente. E, então, deixe-a partir para chegar a que vem a seguir.

 Vivendo... e aprendendo.


Gisele Faria
Psicoterapeuta (CRP 05/37984)
Terapeuta complementar

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Estrada de Jacarepaguá 7221 Sala 508 Freguesia RJ


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