sábado, 22 de fevereiro de 2014

Dança do Ventre: Um movimento para a integração do Feminino



Dentre os diversos benefícios que a dança proporciona a quem se atreve a percorrer este caminho libertador no aspecto emocional, acho que um dos mais interessantes é o do autoconhecimento e da aceitação de si mesmo, o que nos proporciona descobrir ou elevar o amor próprio. 

Nestes 15 anos de profissão, pude ver, sentir e analisar a transformação nada fácil e muito menos rápida de muitas mulheres que percorreram a minha sala de aula. Algumas tornaram o que aprenderam em profissão, outras em lazer mas a maioria buscou na dança um momento para si. Considero isso vitorioso, pois se enxergar, estar consigo mesmo não é uma tarefa fácil, pois temos de dar as mãos à nossa sombra, às nossas dificuldades e integrá-las com muita paciência, determinação e comprometimento. 

É muito difícil, principalmente para a mulher reprimida, mesmo que isso tenha sido fortalecido por uma questão familiar, conjugal, social ou por padrões internos, entrar em contato com o seu feminino, que está a meu ver, muito associado ao seu corpo. 

Com as demandas da sociedade, a rapidez da vida cotidiana e a exigência de estar sempre produzindo, nos esquecemos de que temos um compromisso com nosso bem estar físico, mental e emocional e nós, mulheres, acabamos adquirindo traços e atitudes masculinas, pois desempenhamos tantas funções em nossa vida e na vida alheia, que o corpo fala e responde de forma bruta. Acredito que a dança seja um meio de suavizar isso... Trazer leveza. 

Na Dança do ventre usamos, como o nome diz, a região do ventre como base da Dança. Dali partem todos os outros movimentos como consequência do comando central, onde energeticamente buscamos a força do que nos faz mulher. Colocamos em movimento o chakra (centro de energia) de base, que pode ser acionado com a ajuda da cor vermelha.

Com os movimentos pélvicos e de transferência, através da ajuda dos joelhos, podemos correlacionar a mulher que dança à serpente, sem vértebra, rastejante, silenciosa e misteriosa, representada através de movimentos sinuosos e ondulatórios, guiados ao som de violinos e flautas.

Podemos ainda ser fortes e precisas como um tambor, ágeis como um teclado e impactantes como um derbake.

Nosso corpo e quadril ao longo do tempo e dos estudos, passa a ser o instrumento tocado. A alma da bailarina e da música se tornam uma só e quando essa conexão se faz, nossa expressão total é vista, não por ser representada mas por ser sentida em cada poro, em cada respiração, em cada passo, em cada movimento. Fazemos do cabelo um vento ou um chicote ou até mesmo uma brincadeira de se esconder, assim como uma criança. Um pedaço de pano se transforma em asas, com as quais brincamos de dançar.

Nossas mãos se tornam delicadas como uma rosa que desabrocha ao tocar uma taça, um talher ou até mesmo o corpo do homem que amamos. Nossos músculos abdominais se fortalecem com a compressão e relaxamento do mesmo, a fim de imitar o animal que atravessa o deserto escaldante sem precisar de água.

Dançamos brincando com fogo, que não nos deixa queimar e apenas aquece a todos que nos observam dançar com ele e para ele, que ilumina qualquer escuridão. Transformamos um cabo de vassoura em um bastão, que fala dos homens que trabalhavam com o rebanho e dos que lutavam com suas únicas armas e dessa observação, mulheres criativas, transformaram em uma dança alegre e festiva.

Equilibramos uma espada, movendo nosso sagrado ventre sem que nos deixe cortar, sem que a deixemos cair, para nos glorificar e sabermos que em nosso corpo, podemos tudo equilibrar, segurar, sustentar sem que nos machuque. Isso tudo é ser mulher e o que colocamos na dança é apenas o que sentimos na vida, na pele, na alma.

E com todas essas descobertas, melhoramos a pele, aprendemos a maquiar o rosto, a saber do poder que carregamos em cada fio de cabelo, fortalecemos os músculos das pernas e do glúteo com a repetição e precisão dos movimentos do quadril, enrijecemos os braços pois descobrimos que não somos fracas e temos força para alçar vôo dentre os véus que nos perdemos para nos acharmos, fortalecemos os seios e afinamos a cintura com os contornos que fazemos dançando que valorizam as nossas curvas ao desenhar os oitos, ao realizar o infinito que carregamos em nós. 

Esculpimos nosso corpo e alma para termos mais saúde, mais vitalidade, mais energia, mais virilidade, mais sensualidade, mais fome de saber e ser mulher da cabeça até a ponta dos pés.


Luciana Munira
Bailarina, professora e coreógrafa de Dança Do Ventre e Dança Cigana. Representou o Brasil na Europa e no Egito e atualmente desenvolve um trabalho de dançaterapia para crianças, jovens e idosos com necessidades especiais no Instituto Tocando em Você no Rio De Janeiro.

Contatos para aulas, shows e cursos: (21) 98306-6612


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